<$BlogRSDURL$>
mil e uma pequenas histórias
31.1.04
  462. A pedra no Sapato
Era uma vez um homem que tinha uma pedra no sapato, e por mais vezes a deitasse fora, nunca dela se via livre, pois a pedra, a mesma ou outra, sabe-se lá, sempre voltava a aparecer como por artes mágicas. O homem desesperava e não encontrava solução, até que depois de muito matutar resolveu não mais se calçar. Muitos foram os que acharam que ele endoidecera, muitos os que riram dele, e muitos deixaram até de lhe falar. Mas o homem não se importou mesmo nada. A verdade é que se sentia muito melhor e só isso era realmente importante.
 
30.1.04
 
461. Ele, o sistema

A culpa é do Sistema, sempre assim foi, e sempre assim será. Não adianta pois contrapor como fazem alguns, poucos, quase nenhuns, proclamando que a culpa é exclusiva dos que a ele se submetem, e também daqueles que contra ele lutam, porque de ambos o Sistema se alimenta. Por mais estranho que pareça, o que defendem revela e comprova afinal o que todos nós estamos fartos de dizer e repetir. Não somos o Sistema, somos apenas quem o criou, sustenta e mantém. Assim, escusado seria dizer, a culpa é, e não podia deixar de ser, única e exclusivamente do Sistema.

 
  Troquei meia dúzia de palavras com a escritora
(Olá Lucivânia), e já tinha ouvido falar do seu sentido de humor, ou de realidade, pois não sei bem como qualificar o facto que me foi referido de ela pagar o estacionamento com exemplares de um dos seus livros premiados. Por isso não me surpreendi com algumas trovinhas engraçadinhas para o ano que começa, como a que aqui transcrevo.

Goiânia é terra
de mulheres
e de gays.
Aqui,
quem tem um pénis
é rei!
 
  Admiração, profunda e renovada admiração,
foi o que a leitura desta notícia despertou em mim: Jorge Silva Melo recusa prémio de 25 mil Euros do Instituto das artes. Admiração pelo acto, inusitado, admiração pelo homem
 
29.1.04
 
... EXCELENTE... SOBERBO...
lostranslation200104_m.jpg etreavoir200104_m.jpg
A ordem dos factores é arbitrária
 
  Também eu
, tal como o Frederico Hartley, enviei em tempos algumas pequenas histórias, sobre a guerra colonial, para o Diário de Notícias, histórias que perdi entretanto, mas estiveram na origem deste blog, onde de quando em quando ainda incluo textos com exactamente 100 palavras.
 
 
460. Está na cara

Cara a cara, olhos nos olhos, interrogaram-se com que cara ficariam se alguma coisa corresse mal. Mas ambos acreditavam afinal que seria de caras, nem mais nem menos, pois quem vê caras não vê corações, e eles eram mestres em dar a cara. Foram completamente arrasadores. Está na cara que só podia ser assim: eram os dois uns grandes descarados.

 
  A Carla Castelo edita
um blog sobre o fenómeno dos Weblogs, um espaço de reflexão e análise, que constituirá parte do seu trabalho de avaliação para a disciplina de Ergonomia da Comunicação. Gostei de ler o que lá encontrei, e sobretudo, vaidade das vaidades, que o livro Blogs é simples e eficaz nos objectivos que se propõe atingir.
 
  Olho a imagem no ecrã
caras.bmpcom um sorriso... e divago…

É de caras…

Com que cara é que vou aparecer…

Quem vê caras não vê corações…

Aquele sujeito é um descarado…

Você é um cara legal…
 
 
caminho_violeta_100x60.jpg

 
 
459. O caminho

Era uma vez uma pergunta que procurava sem cessar uma resposta, uma resposta definitiva, um sim ou um não, mas tudo o que conseguia era ficar perdida entre ambos, sem chegar afinal ao fim. Um dia que se sentia muito cansada, ficou a pensar se o problema não estaria em si mesma, e foi nesse momento que encontrou a solução. Percebeu finalmente que ela mesma era a resposta, e que não há resposta por mais definitiva que seja que possa negar a sua natureza de pergunta. A partir daí nunca mais procurou fora de si o caminho para si mesma.

 
28.1.04
  Porque não há duas que fiquem sós...
262 - O silêncio é feito de palavras mudas...
 
  Encontro-me muitas vezes nas palavras dos outros...
Porque os outros se mascaram mas tu não

As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
 
  Encontro-me muitas vezes nas palavras dos outros.
Ainda que as leia, ou talvez porque as leia, através da minha experiência pessoal. É o que me acontece muitas vezes com as palavras (Olá Eugénia/Olá Silvia) que leio no blog eugeniainthemeadow . Como estas: há dias que a saudade é tanta / que é quase presença. Ou ainda estas: quero ser o que sou de melhor.
 
 
12 + (13) // ENE COISAS // 484 // + (366) O Ene Coisas está parado desde o dia 8 deste mês. E digo parado, mas podia dizer encerrado, e só não o disse porque considero que um blog que está on line não está encerrado, e eu não quero apagá-lo. O motivo principal que me levou a abri-lo e a mantê-lo não se extinguiu: o desejo de comunicar através dos meus textos, o desejo de partilhar. Apontei afinal dois desejos quando anuncei um, mas isso deve-se a não ter conseguido enunciar algo que me parece situar-se entre os dois. Ou talvez tenha dito a mesma coisa com palavras diferentes. Passados vintes dias, e pública que é a sua situação, surpreendo-me com a posição em que se encontra o Ene Coisas nas estatísticas do weblog.com.pt, com 484 visitas ontem, subindo de um dia para o outro, quer no número de visitantes quer na posição que ocupa. Sejam quais forem as explicações, que não procuro, fica a surpresa. Eu vou estando por aqui, e por ali também.
 
27.1.04
 
Tal como o livro que leio por estes dias (A experiência de Ler, de C.S. Lewis), vou de um a outro blog, e ambos me falam do amor à leitura e aos livros.
 
 
458. Incoerência (ao Vasco Pulido Valente)

Nunca falo de pessoas, mas de actos, disse aquele a quem todos chamavam polemista. E acreditava no que dizia, embora bem soubesse que as pessoas são em regra o que fazem, ainda que nada as impeça de fazer o que são. Em tudo isto não há incorência, a não ser aquela que é própria das palavras e da condição humana.

 
 
Puema para o meu amor

para ti fiz este poema
um poema menor
em que tudo é duvidoso
menos o meu amor
 
 
MAIS UM CLAMOROSO ERRO DO GOVERNO!
ministerio.jpg
Num país onde o vinho é um valor nacional...
 
26.1.04
 
Gostei de me ver reflectido no espelho da Dona VI: não fala mal de nada nem de ninguém, e escreve um Português que até dá gosto. Ser admirado é bom, sobretudo se a admiração é mútua. Não deixe de escrever, que eu não deixarei de a ler.
 
  EU NÃO FALO MAL, NÃO. EXISTEM DIFERENÇAS. VIU, MARIA CLARA!
"No Brasil, com a expansão do você e do a gente como pronomes pessoais e com a redução do uso do tu e do vós, a 3ª. pessoa verbal se generaliza: temos hoje em convivência, no Brasil, um paradigma verbal de quatro posições,
eu falo | ele, você, a gente fala | nós falamos | eles, vocês falam;
outro de três posições,
eu falo | ele, você, a gente fala | eles falam;
outro de duas posições, dos menos escolarizados, ou não-escolarizados, sobretudo de áreas rurais, mas não só, que não aplicam a regra de concordância verbo-nominal (...)"


 
 
real_virtual.jpg
 
 
457. A PENSAR MORREU UM BURRO

Era uma vez um homem que toda sua vida pensara de mais nos outros, e assim foi até ao momento em que finalmente aprendeu a não o fazer. Começou por pensar no que os outros achavam dele, e isso durou ainda algum tempo. Depois pensou em como estavam os outros e de que precisavam, e muitas e muitas vezes o fez. Por último, e já não era sem tempo, aprendeu a pensar muito mais em si e naqueles que amava. E a partir daí tudo correu pelo melhor, para ele, para os que amava, e afinal para todos os outros.

 
 
Ninguém pode fazer nada para ajudar? - pergunta o blog de esquerda. E pergunta muito bem! Os blogs são expressão da individualidade, é certo, mas há por aí boas pessoas, e até se fala em comunidade(s).
 
 
Uma recomendação recente que quase esquecera: Teresa Direitinho e O Princípio da Atracção
 
 
DÁ QUE PENSAR

"Só pra avisar, eu não respondo perguntas sobre blogs. Eu não dou entrevistas sobre blogs nem participo de trabalhos de faculdade sobre blogs. Eu simplesmente não agüento mais essa baboseira de blogs. Chega. Blog não passa de um meio de publicação. O autor do blog, dono e soberano do blog, faz o que bem entender com seu blog. Não existe literatura de blog. Não existe escritor de blog. Blogueiro não é escritor. Escritor não é blogueiro. Não existe escritor de blog. Existe blog enquanto meio de publicação para um escritor. Escritor é escritor. Escritor não é blogueiro. Não sei nada sobre o fenômeno blog. Sequer acho que seja um fenômeno. Nunca mais respondo nenhuma pergunta sobre blog. Por favor, não me incomodem com essas coisas. Sou uma grávida tensa, isso não faz bem. Sem mais,"

***

"Quando comecei a escrever um livro pela internet, muitos colegas jornalistas me entrevistavam (sempre a mim e ao João Ubaldo) perguntando qual era o futuro da literatura pela Internet.
Há quatro meses atrás eu não sabia responder a essa pergunta.
Hoje eu sei e tenho certeza do que penso:
- Essa geração vai dar muitos e muitos escritores para o Brasil.
E muita gente vai se apaixonar pelo texto e no texto.
Existe coisa melhor para um escritor do que concluir uma crônica com isso?"

Mário Prata


 
24.1.04
 
Incerteza



Fui da vida

à poesia



fui da poesia

à vida



que caminho

terá no final

sido o melhor?



Erich Fried

 
 
456. Um escritor triste (à Faíza)

O homem alto e louro despiu a camisola, depois a camisa, e estendeu-se na relva. Um escritor melancólico que por ali passava foi surpreendido por aquela visão. O azul da ganga, o branco do corpo, o louro do cabelo, o sorriso luminoso, tudo isso lhe pareceu o espelho fiel daquele dia de sol de Inverno em Lisboa. Muito tempo pensou nisso, sentindo que tinha sido tocado por uma verdade profunda, e o certo é que a partir daí a sua escrita nunca mais foi triste. [A moral desta história é muito simples, tão simples que nem precisa de ser enunciada.]
 
23.1.04
 
Foi um dia santo (será que existe algum santo padroeiro da greve?): levantar da cama depois das nove; deambular pela serra algarvia pintalgada de branco; almoçar onde calhar (salada de ovas, cerveja, feijoada de buzinas, café); viver um filme excepcional (Lost in Translation).
 
 
O Carlos Alves (Olá Carlos) tem um blog que, em termos de organização, foi o que sempre sonhei mas nunca fiz, por motivos diversos. Só por isso estaria de parabéns, mas há mais, muito mais, como este texto que me fez chegar agora até ele
 
 
Amendoeiras em lenda
amend_flor.jpg
 
 
455. Impermanência

Sinto que estou á beira de uma extraordinária mudança, o que devo fazer? O mestre sorriu e respondeu-lhe: Toma atenção não tenha ela acontecido já. Foi nesse exacto momento que ele caiu em si, abandonou de imediato o mosteiro, e nunca mais ali voltou. Esta história aconteceu há muito tempo mas ainda hoje é contada aos alunos como uma lição.

 
22.1.04
 
454. Um país feio

Era uma vez um país que se tornara feio, ou melhor será dizer mal-encarado, pois ainda era bonito, embora mais para o bonitinho, aquele bonitinho que quase não se distingue do feiinho, e também pequenino, muito pequenino, mas muito mais na alma do que no tamanho. Fosse com fosse, o certo é que o país não ficava nada bem nas fotografias, e o pior, o pior de tudo era que os fotógrafos estavam completamente inocentes.

 
21.1.04
 
arte.jpg

Um presente para todos os que gostam destas coisas é sem dúvida este que recebi do meu amigo Allyson ;-)
 
  Devaneios do meu horóscopo
“Os esforços e os sacrifícios que tem feito ao longo dos últimos tempos poderão ser finalmente recompensados.”
 
  Que mundo (insano) é este em que vivemos?
O xeque Ahmed Yassin anunciou que o seu movimento considerava agora que todos os muçulmanos, tanto homens como mulheres, têm por obrigação oferecer a sua vida para libertar a sua terra da ocupação.
 
 
453. Uma decisão de amor (ao Possidónio Cachapa)

De repente, tinha aquela pessoa a olhar para dentro de si, mas a coisa não ficou por aí, e aquela mulher estava já dentro de si. Não admira que ainda hoje pergunte a si mesmo quem foi afinal que tomou a decisão de a amar, a decisão de se amarem.

 
20.1.04
 
Abram os olhos. Eu tinha os meus fechados, mas um amigo (obrigado Henrique) falou-me dos contos que se publicam.
 
 
452. ESTAR BEM

Perguntavam-lhe como estava, ele respondia “Estou bem”, e nada mais, mas para si mesmo sempre concluía:“mas as coisas podiam estar muito melhor”. A segunda parte era uma constante, a primeira uma conquista pessoal. Era assim que ele enfrentava a vida, e a verdade é ganhava sempre, mesmo quando perdia.
 
 
451. A LITERATURA

"Os escritores escrevem e os leitores lêem, assim tem sido, assim será, e isso é o que realmente importa, ainda que a literatura também se compre e se venda, se discuta e se ensine. No que me toca, nada mais tenho a dizer, a não ser que amo a literatura."
 
 
A LITERATURA LÊ-SE, diz-se por aqui (Olá Possidónio Cachapa), e eu não posso estar mais de acordo, por mais la palissiana que pareça a afirmação. É, sem dúvida (Olá Henrique), a sabedoria a falar.
 
 
Não sei se amigo de blog será uma expressão ajustada, mas a verdade é que encontrei e conheci alguns amigos através dos blogs que editamos. Este é um deles (Olá Alysson, e já agora, que livro tão grosso é aquele que está quase a acabar de ler?)
 
19.1.04
 
CHAN.bmp
 
 
As palavras da Paula (Olá Paula, acho que quase fomos apresentados formalmente uma vez!:) fazem-me mesmo deslizar... Como estas: Aquilo que pensamos devora-nos enquanto esperamos.
 
 
450. A EXISTÊNCIA DE DEUS (ao Emanuel Carreiro)

A existência de Deus era uma das questões que mais o atormentava, ora concluindo ele que sim, ora concluindo ele que não, e durante muitos anos viveu nesse círculo vicioso sem vislumbrar uma saída. Mas um dia encontrou finalmente uma resposta simples e tranquilizante: Às vezes Deus esquece-se de existir.

 
 
Estreia hoje no Brasil a telenovela portuguesa "Olhos de água", mas os brasileiros não vão ouvir o português de Portugal pois este foi dobrado por actores locais. "O Brasileiro não está acostumado ao português falado em Portugal (e por este andar nunca vai estar) e tem muita dificuldade na compreensão das frases", justifica Celso Tavares, director da programação da BAND (canal de TV aberto da Rede Bandeirantes). OK, ok, ok. Estive há pouco no Brasil e chegaram a responder-me em castelhano, mas isso não quer dizer que em regra não me entendessem, só não estavam, e aí concordo, acostumados ao meu português, ao contrário de mim (graças às telenovelas brasileiras não dobradas). Aos meus amigos brasileiros (olá a todos) agradeço o esforço que fizeram para me entender!.
 
 
2.8 MILHÕES DE EUROS terá sido quanto ganhou a actriz Nicole Kidman para participar na campanha publicitária do perfume Chanel n.º 5. Que mundo (insano) é este em que vivemos?
 
18.1.04
 
Ele é bom rapaz, um pouco tímido até (Olá Fernando), ela não sei como é, mas, pelo diálogo entre ele e ela, sinto-me tentado a dizer que ele sem ela não é ninguém.
 
 
449. AS COISAS SÃO COMO SÃO

"Atirei o pau ao gato porque era isso que queria fazer. Apenas isso e nada mais. Não pensei nos resultados, nem antes, nem durante, nem depois, o que não é de admirar quando se acredita, como eu acredito, que cada acção encerra em si todos os resultados possíveis, e só nos cabe agir. Quis atirar o pau, disso tenho a certeza, e foi o que fiz. Acertei na mulher e matei-a, é verdade... Perguntam-me se tenho alguma coisa a dizer... Era um dos resultados possíveis, tanto assim era que aconteceu. Nada mais tenho a dizer, as coisas são como são."
 
 
Ler a citação - "(...) É importante dar qualidade ao esforço, em vez de esperar o resultado dele. Tudo o que você precisa fazer é apenas esforçar-se ao máximo, libertando-se de um rótulo ou julgamento, de que você é ou não capaz, de que você é ou não bom. Esqueça isso e faça apenas um esforço enorme." - e o comentário fizeram-me pensar de novo (obrigado Dunya) em quanto é difícil esquecer a decisão, a acção e os resultados, e apenas agir. As pequena histórias 446 e 448 falam disso.
 
17.1.04
 
Só agora vi e ouvi, e vou ver e ouvir mais vezes: Videopoema - Liquidamente. Ó Fernando, obrigado, e desculpa só agora dizer alguma coisa.
 
 
448. Decidir e agir

Ao milionésimo primeiro salto, sentiu, pela primeira vez, um breve mas intenso momento de hesitação, imediatamente antes de pular, e durante a queda não pensou noutra coisa. Era um homem muito sábio e experiente. Aquele foi o seu último salto.
 
 
Duncan Macmillam, professor da universidade de Edimburgo, pergunta: Será que J. K. Rowling deveria ganhar o Booker só porque é lida por milhões de pessoas? A melhor resposta talvez seja outra pergunta: E porque não?
 
 
Insiste! Insiste! Ainda mais uma vez! Tem alturas em que a vida mais me parece uma aula de ginástica!!
 
16.1.04
 
O mágico do caderno (Olá Dennis) trilha o caminho de Méseglise, ou de Swan, isto é, o caminho da correcta utilização da memória e da imaginação. Será?
 
 
Sem retirar o meu apoio à inclusão na língua portuguesa do verbo bisnacar, e bisnacando também, ou talvez não, ainda digo (Olá Jorge ), que pensei seriamente se não seria melhor criar para o efeito (porque não podia estar mais de acordo quanto à existência da realidade que ele pretende descrever) o verbo bisnadar, isto porque falar muito acerca de uma coisa sem nunca chegar a fazer algo quanto a ela, é , na minha opinião, nada fazer duas vezes.

PS. Oh Ana (da Janela indiscreta) , mas bifanar não é comer bifanas?
 
  447. COMUNICAR
A vida é mudança, disse o mestre. A vida é uma dança, ouviu o aluno. [Mas, para além das palavras, não seria afinal uma e a mesma coisa o que um disse e o outro ouviu? A resposta ao leitor.]
 
 
2002, 2003 e agora 2004, diz o Luís Rijo (Olá Luís), com admiração e orgulho, digo eu, pois o seu blog existe desde 2002.
 
 
Estou deveras contente por ver o Joseph Kern's Diary renovado e de cara lavada. Agora só falta (Olá Alysson) expulsar de vez o JK! :-)
 
 
446. UMA EXPLICAÇÃO

Era uma vez um homem que sabia respirar, e também muitas outras coisas, como correr e amar, mas não conseguia explicar, em palavras, como o fazia, e isso preocupava-o. A verdade é que o fazia porque se limitava a fazê-lo, e esta era a única explicação de que precisava. [A causalidade é irrelevante quando se faz o que se faz.]
 
15.1.04
 
Se há um escritor a que volto muitas vezes é Hermann Hesse , e Narciso e Goldmundo é o livro que mais reli. Não é pois de admirar que tenha lido com agrado este fragmento do seu romance Demian, que me foi enviado (Olá Heloísa) por e-mail: A vida de todo ser humano é um caminho em direção a si mesmo, a tentativa de um caminho, o seguir de um simples rastro. Homem algum chegou a ser completamente ele mesmo; mas todos aspiram a sê-lo, obscuramente alguns, outros mais claramente, cada qual como pode. Todos levam consigo, até o fim, viscosidades e cascas de ovos de um mundo primitivo. Há os que não chegam jamais a ser homens, e continuam sendo rãs, esquilos ou formigas. Outros que são homens da cintura para cima e peixes da cintura para baixo. Mas, cada um deles é um impulso em direção ao ser...
 
 
Já é tempo de ser entregue ao Fernando (Olá Fernando) o título de Doutor Clitóris Causa. É que ele bem merece tal honra e distinção: O Escrita Ibérica está aí para o provar!
 
 
Desde manhã cedo que ando a pensar em interjeições, talvez porque acordei com uma. Uso com frequência o vulgar Meu Deus, isto apesar de não ser religioso e lembrar-me, sempre que o digo, que não se deve invocar o nome do Senhor em vão. Também exclamo sanguedejesustempoder e macacos me mordam. E pouco mais! Perguntei ao Paulo (Olá Paulo) que interjeições usava, e ele brindou-me com várias locuções de cês e efes. A interjeição alivia, disso tenho a certeza, e só lamento que o seu uso não seja mais cultivado, pelo menos em riqueza e diversidade. E valha-nos o Capitão Haddock, com mil raios!


haddock3.jpg

 
 
PELA INCLUSÃO NA LÍNGUA PORTUGUESA DO VERBO BISNACAR. Jorge, apesar de não me teres referido, ou por causa disso, podes contar com o meu apoio. Só tenho uma dúvida. O verbo prometer não tem em Portugal esse mesmo significado de falar muito acerca de uma coisa sem nunca chegar a fazer algo quanto a ela?
 
 
445. GUERRA E PAZ

Era uma vez um homem que há muito tempo guerreava, há tanto quanto a guerra durava, e todos o viam como um guerreiro. Mas quando a guerra finalmente terminou, logo ele se tornou um homem de paz, e não sentiu em si qualquer diferença. [E quem diz homem diz mulher.]
 
  444. A VERDADE
Perguntaram ao velho escritor como se escrevia, e ele deu a mesma resposta de sempre: escreve-se escrevendo, palavra a palavra, frase a frase, parágrafo a parágrafo, e por aí adiante. Por estas e por outras é que há muito que não lhe faziam entrevistas. [A verdade pode ser muito maçadora.]
 
14.1.04
 
Confesso que não percebo afirmações como esta: "Há uma febre de livros neste país. Toda a gente quer publicar um livro e o pior é que lá vai publicando, com a conivência de editores e livreiros. 146 aspirantes a escritores concorreram por exemplo ao prémio Ler. E em visita a uma livraria, deparo-me com uma chusma de novos títulos e novos autores. Portugal pode estar em recessão técnica mas não é por falta de livros e jovens romancistas." (in LER PARA QUÊ? - post de 23 do 11 de 2002, para quem estiver interessado, que o permalink não me parece funcionar)

Até admito que seja irónica, provocadora, mas mesmo assim não entendo o que o Pedro Lomba quer dizer! O Prémio LER/BCP não se destina a primeiras obras, e esta seria talvez a menor das minhas discordâncias, mas como não percebi... fico por aqui!

Mas há sempre quem perceba!

 
 
Gosto do que o Henrique escreve, e muitas vezes até concordo: Para que é que queres um blog?
 
 
?

 
  Aviso aos amigos e leitores
Mudado que está o template e a "linha editorial" deste blog - ver no topo da coluna da direita -, faltam apenas ligeiros retoques. As pequenas histórias continuarão a ser numeradas, ao contrário das entradas de diferente conteúdo, como esta.
 
13.1.04
 
norte


440. A luz


É muito difícil manter a luz em nós quando tudo escurece à nossa volta, disse o homem, e logo concluiu, mas nunca ela é mais necessária do que nesses momentos.

441. A solidão

Era uma vez um homem que decidiu ficar completamente só, afastar-se do mundo, e não ter outra companhia a não ser ele mesmo. E durante algum tempo assim foi, até que descobriu os outros em si. [Pergunta: A solidão existe?]

442. À roda

Certo homem tinha um pé cá e outro lá, ou vice-versa, o que assim se diz embora se saiba que não é a mesma coisa, como facilmente concluirá o leitor atento. E se era assim com os pés, que se querem bem assentes, já quanto à cabeça se dirá que estava num lugar qualquer, sabe-se lá onde, mas andava à roda, disso se pode ter a certeza, tão à roda como este texto que se arrasta penosamente até ao fim.

443. Mais

Ele estava mais velho, mais gordo, mas era cada vez mais adorado, e isso deixava-o feliz, ainda que perplexo, pois, por mais que pensasse, não percebia como era possível que se sentisse mais igual a si mesmo quanto mais mudava.


 
2.1.04
 
439. [?]

A entrada era livre, qualquer um podia entrar sempre que quisesse, foi o que lhe disseram, e ele entrou. Passeou sem restrições, por onde bem entendeu, por aqui e por ali, com uma liberdade nunca antes experimentada, e muito tempo decorreu até que ele pensou em sair, mas finalmente esse momento chegou. Só nessa altura ele entendeu que a saída era condicionada, não era qualquer um que podia sair. Deixou-se então ficar à porta, à espera, talvez um dia chegasse a sua vez. [A moral desta história é simples e paradoxal: Todas as portas têm duas entradas e duas saídas.]
 



***
... a ficção no seu mínimo...

Luís Ene

©2002/5

***
Faça-se ouvir:
envie-me um e-mail
deixe a sua opinião

***
em papel


clique para comprar

***
uma entrevista

uma crítica
***
"(...) desejaria reunir uma colecção de contos de uma única frase, ou de uma só linha, se possível."
Italo Calvino - seis propostas para o próximo milénio
***

histórias por tema

* ler e escrever *
* o zen à janela *
* o amor é o que é *
* da brevidade *
* fabulário *
* viva a morte *

***

todas as histórias
08.2002 / 09.2002 / 10.2002 / 11.2002 / 12.2002 / 01.2003 / 02.2003 / 03.2003 / 04.2003 / 05.2003 / 06.2003 / 07.2003 / 08.2003 / 09.2003 / 10.2003 / 11.2003 / 12.2003 / 01.2004 / 02.2004 / 03.2004 / 04.2004 / 05.2004 / 06.2004 / 07.2004 / 08.2004 / 09.2004 / 10.2004 / 11.2004 / 12.2004 / 01.2005 / 02.2005 / 03.2005 / 04.2005 / 05.2005 / 06.2005 / 07.2005 /

***
utilidades

língua portuguesa

literatura portuguesa

Opiniones y consejos sobre el arte de narrar

***
contos mínimos e outras insignificâncias

Augusto Monterroso
Mário Henrique Leiria
Julio Cortazar
Raúl Brasca
pequenos contos
contos zen
greguerias
Vicente Huidobro
estórias sufi
provérbios árabes

***
primos do blog

primeiros mil microcontos
ene problemas
microcontos da zezé
microcontos do carlos
a casa das 1000 portas
letra minúscula

***
outros blogs


o outro mil mais uma
A Contadora
Azul cobalto
Blog de esquerda
blogo
Blogs em.pt
bomba inteligente
bloco de notas
contra a ilusao
cruzes canhoto
Digitalis
e-pistolas
escrita
esquissos
ghostboy
J.K's Diary
Eu-Luis Rijo
Fumacas
Lucubrando
mar portuguez
noite escura
outro lado da lua
paragem de autocarro
pensamentos imperfeitos
pensar enlouquece
polzonoff
PortalC.Tellez
socially incorrect
telepatia
Templo de Atena
:totentanz:
um dia gnostico
vastuleC

fabio Ulanin
eugeniainthemeadow
rua da judiaria
Ma-Shamba
escorrega...
elasticidade
***



Powered by Blogger