44 (957)
Um estudante dirigiu-se um dia a mestre Atemóia e questionou-o:
“Umas vezes o tempo passa demasiado depressa e outras está parado. Isso confunde-me. O que devo fazer para evitar essa sensação?”
Perante o seu silêncio, repetiu a pergunta, mas ele continuou a não lhe responder. Quando já não esperava uma resposta, mestre Atemóia falou, ao mesmo tempo que se afastava:
“O tempo é apenas o modo como reconhecemos e descrevemos o movimento."
O aluno ficou tão surpreendido que mais tarde quis reproduzir as suas palavras mas não conseguiu.
[Se esta história lhe pareceu breve, leia-a tantas vezes quantas lhe apetecer.]
43 (958)
Certa vez mestre Atemóia atravessou o pátio durante a meditação da tarde, e trepou ligeiro até ao topo da árvore mais alta, deixando todos os monges muito agitados e preocupados. Algum tempo depois desceu, e logo muitos lhe perguntaram porque tinha subido à árvore. Ele olhou-os sem pressa e disse: “E de que outra forma poderia eu ter descido?” Ninguém lhe respondeu. Na verdade, metade dos monges ameaçou chegar-lhe a roupa ao pelo, e a outra metade apressou-se a defendê-lo. Quando a confusão terminou e o procuraram para lhe fazer mais perguntas, já ele se tinha ido embora há muito.