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Disse “amo-te”, mas há muito não a amava. Disse “vou-me embora”, mas há muito que tinha ido. Disse “estou feito ao bife”, mas há muito que a vida lhe corria bem. Nada de invulgar quando dele se tratava, pois acontecia-lhe muitas vezes os actos adiantarem-se às palavras. Ou seria o contrário? Esta era a sua dúvida. [A moral desta história é tão óbvia que me dispenso de a enunciar. Se o caro leitor não a perceber logo, não desespere, espere um pouco, e verá que vale a pena. Há coisas que levam tempo a compreender, por mais claras que sejam.]