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Era uma vez um homem que aprendeu a fazer todos os dias o que tinha de fazer, que é mais ou menos o que não pode afinal deixar de ser feito: respirar, comer, andar, dormir e outras pequenas coisas que fazem a vida ser vida. Sabia que tinha deixado progressivamente de fazer muitas coisas, desde logo preocupar-se com o que fazia, e acreditava que com o tempo ainda faria menos. Mas não se esforçava muito para que assim fosse; na verdade, tudo lhe acontecia de uma forma natural que o deixava tão feliz como um simples gole de água pura.