518. Escrever e acreditar
Acreditava que o mais importante era escrever, e escrevia, quase sem parar, de manhã à noite, fascinado, não pelas palavras, mas pelo que estava para além delas e que só elas lhe permitiam avistar, como se as palavras fossem óculos, binóculos, que lhe levassem mais além o olhar, muitas vezes apenas até outras palavras, mas outras, poucas, para além delas, em breves vislumbres de tudo e de nada. No entanto, a maior parte das vezes as palavras eram apenas palavras, e nada desvendavam, mas ele continuava a escrever. Daqui se pode concluir com facilidade que o mais importante é acreditar.