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Este homem de que falo chegou a estar mais de cinco anos sem sair de casa, de tal forma que os vizinhos o esqueceram ou o julgaram morto. Durante esse período não fez mais nada a não ser escrever, como se tornara nele habitual, mas nunca alguém o leu ou lerá. Era um escritor, que disso não se tenha a menor dúvida, mas um escritor menor, talvez até medíocre, e disso tinha perfeita consciência. Escrevia porque não conseguia deixar de escrever, mas nunca fez o menor esforço para ser lido, e foi assim que nunca deixou de ser quem era.