426. O intervalo
Era uma vez um homem que vivia no intervalo de todas as coisas, sempre entre umas e outras, nunca se deixando tocar por qualquer uma delas. Considerava-se o observador por excelência, objectivo, atento, tomando sempre novas posições sobre tudo o que o rodeava. Isto até ao dia em que se questionou a si mesmo, e percebeu que na verdade não havia intervalo possível entre ele e o mundo. [A moral desta história é demasiado óbvia, mas mesmo assim ainda escapa a muitos de nós: Não podes fugir do mundo porque tu próprio és o mundo e o mundo és tu.]