411. A certeza (para a Maria João)
Aconteceu certo dia a uma mulher que todas as coisas que tinha como certas, de repente, foram postas em questão. Como é que era possível que, de um dia para o outro, o que era já não ser, e o que não era ter passado a ser com uma força inusitada? Sentia-se tão perdida que decidiu pôr um ponto final naquela história toda. Mas depois de muito tentar nada mais conseguiu do que acrescentar reticências. [Só a morte põe um ponto final à vida, disse ela si mesma, e pela primeira vez essa afirmação acalmou-a em vez de a inquietar.]