A3H
373.
Era uma vez um homem de palavra que tinha nisso muita honra. Quando dava a sua palavra era certo e sabido que a cumpria. Foi assim que deixou de beber, e cumpriu a sua palavra apesar de na altura se encontrar bêbado que nem um cacho. A partir daí tomou mais cuidado com o que dizia, isso é verdade, mas nunca deixou de cumprir a sua palavra uma vez dada.
374.
Ser honesto é difícil porque a maior parte do tempo nos enganamos a nós mesmos, mas não é impossível, basta aceitar que erramos e no entanto continuar a tentar acertar no alvo com determinação. Este fora o legado mais importante que o seu pai lhe deixara, e ele levou-o adiante, o que lhe causou algumas dificuldades na vida pois herdou também a sua profissão. [A moral desta história é categórica: todas as profissões são respeitáveis desde que desempenhadas com honestidade.]
375.
A sua única vaidade era a sua humildade, e tão bem a escondia que ninguém dava por isso, pela vaidade, que a humildade todos a viam a léguas. E por muitos anos assim foi, até que ele não conseguiu esconder mais a vaidade, e todos dela enfim se aperceberam. Nunca mais o consideraram humilde, embora ele nunca o tivesse deixado de ser. [A moral desta história é uma, ou talvez duas, sei lá eu disso!]
376.
Nem sei o que te diga, mas embora ainda te ame, acho que já não acredito no nosso amor, e acima dele desejo que sejamos amigos. Foi isto que ele lhe disse, pois embora não soubesse ao certo o que dizer, tinha o terrível vício da honestidade, e tentava sempre falar a verdade mesmo quando se enganava a si mesmo e aos outros. [A moral desta história é desonesta: a honestidade é uma virtude duvidosa.]