mil e uma pequenas histórias
384. O uso faz o fuso
Não tem memória quem não se serve dela, diz o povo, e o povo tem sempre razão, mesmo quando sobre o mesmo assunto uma vezes diz sim e outras diz não. E quem diz memória diz imaginação, ou amor, porque a verdade é que a função faz o órgão. Nisto acreditou um homem, e todos os dias escrevia um texto em que em recordava, imaginava e nele colocava todo o seu amor. Chamava-lhes exercícios de ser, à falta de um nome melhor, e, até à sua morte, nunca deixou de os fazer. [Não sei se o seu nome era Jorge!]