BUSCAS E REBUSCAS
338.
Ele sabia o quanto imperfeito era, mas isso nunca o incomodou, pois há muito sabia existir mais perfeição na imperfeição humana do que aquela que lhe é possível suportar, pois se o homem é imperfeito, estranho seria que as sua obras não o fossem, e ele pudesse ver com clareza para além delas e de si mesmo. Ele era imperfeito, já foi dito, mas isso nunca o impediu de procurar a perfeição, ainda que as suas obras jamais viessem a ser perfeitas. [A moral desta história não escapa à imperfeição geral: o processo é mais importante do que o resultado.]
339.
Foi ao encontro do silêncio, eliminando uma a uma todas as fontes de ruído. No final quis regressar a si mas não consegui já ouvir a sua própria voz. Não fosse este pequeno percalço e ainda hoje estaria vivo. [A moral desta história é por demais gritante: podes calar-te por quanto tempo quiseres, mas tem cuidado não percas a voz.]