310. Gestro (ao Rui Horta)
Esticou o dedo indicador, como podia ter feito outra coisa qualquer, mas logo o braço, o ombro, a cabeça e o corpo inteiro se prolongaram num movimento único e inconfundível que lhe apontou o olhar muito para além da linha do horizonte. Foi nesse preciso instante que o homem pensou afinal que todos os gestos contam a sua pequena história, e que todas as histórias são na verdade o registo de um único gesto. [A moral desta história não é muito clara, confesso, mas talvez se possa dizer que os gestos e as palavras têm às vezes as mesmas ideias.]