<$BlogRSDURL$>
mil e uma pequenas histórias
27.6.03
 
OBVIAMENTE…

277.

Era uma vez um homem que ia a ler e a andar, não viu o degrau, estatelou-se ao comprido no chão. Nada o faria prever, mas o certo é que bateu com a cabeça num paralelepípedo saliente e morreu sem mais. [A moral desta história é óbvia: há leituras perigosas.]

278.

Era um indivíduo tão marginal que não se integrava em grupo algum, por mais à margem estivesse. Levava uma vida solitária e muito aborrecida, mas era a vida dele; era isto que ele dizia a si mesmo, pois não tinha mais a quem o dizer. [A moral desta história é óbvia: se nos afastarmos dos outros acabamos a falar sozinhos.]

279.

O homem tentou ler o livro que trouxera consigo. Depois esforçou-se por ouvir a música. Mas não conseguia sair de si e ser outra coisa se não ele mesmo. Como posso ser sempre tão insuportavelmente eu? — perguntou a si mesmo. Cada um é como é! — respondeu rápido, e riu pela primeira naquele dia, esquecido por momentos de si. [A moral desta história é óbvia: Rir é descansar de nós mesmos.]

280.

O homem já não compreendia de todo o seu país. O número de presos continuava a aumentar enquanto a taxa de criminalidade se mantinha baixa! Pagava cada vez mais impostos e recebia os mesmos serviços de má qualidade de sempre! E nada, mas mesmo nada parecia fazer sentido, pois todos tinham razão mesmo quando estavam em total desacordo! Isto trazia-o muito aperreado, mas um dia percebeu afinal: o país estava pedrado. Ficou muito aliviado, chegara a pensar que enlouquecera. [A moral desta história é óbvia: se não percebes o mundo, não te atormentes, provavelmente o problema não está em ti.]

 



***
... a ficção no seu mínimo...

Luís Ene

©2002/5

***
Faça-se ouvir:
envie-me um e-mail
deixe a sua opinião

***
em papel


clique para comprar

***
uma entrevista

uma crítica
***
"(...) desejaria reunir uma colecção de contos de uma única frase, ou de uma só linha, se possível."
Italo Calvino - seis propostas para o próximo milénio
***

histórias por tema

* ler e escrever *
* o zen à janela *
* o amor é o que é *
* da brevidade *
* fabulário *
* viva a morte *

***

todas as histórias
08.2002 / 09.2002 / 10.2002 / 11.2002 / 12.2002 / 01.2003 / 02.2003 / 03.2003 / 04.2003 / 05.2003 / 06.2003 / 07.2003 / 08.2003 / 09.2003 / 10.2003 / 11.2003 / 12.2003 / 01.2004 / 02.2004 / 03.2004 / 04.2004 / 05.2004 / 06.2004 / 07.2004 / 08.2004 / 09.2004 / 10.2004 / 11.2004 / 12.2004 / 01.2005 / 02.2005 / 03.2005 / 04.2005 / 05.2005 / 06.2005 / 07.2005 /

***
utilidades

língua portuguesa

literatura portuguesa

Opiniones y consejos sobre el arte de narrar

***
contos mínimos e outras insignificâncias

Augusto Monterroso
Mário Henrique Leiria
Julio Cortazar
Raúl Brasca
pequenos contos
contos zen
greguerias
Vicente Huidobro
estórias sufi
provérbios árabes

***
primos do blog

primeiros mil microcontos
ene problemas
microcontos da zezé
microcontos do carlos
a casa das 1000 portas
letra minúscula

***
outros blogs


o outro mil mais uma
A Contadora
Azul cobalto
Blog de esquerda
blogo
Blogs em.pt
bomba inteligente
bloco de notas
contra a ilusao
cruzes canhoto
Digitalis
e-pistolas
escrita
esquissos
ghostboy
J.K's Diary
Eu-Luis Rijo
Fumacas
Lucubrando
mar portuguez
noite escura
outro lado da lua
paragem de autocarro
pensamentos imperfeitos
pensar enlouquece
polzonoff
PortalC.Tellez
socially incorrect
telepatia
Templo de Atena
:totentanz:
um dia gnostico
vastuleC

fabio Ulanin
eugeniainthemeadow
rua da judiaria
Ma-Shamba
escorrega...
elasticidade
***



Powered by Blogger