CRÍPTICAS
273.
Há pessoas que não são pessoas. E há outras que só lhes falta um pequeno nada para o serem, um gesto, uma hesitação, um sobressalto, tudo pode precipitar o momento. Mas é preciso entrar no jogo, esquecer as regras e aceitar o movimento que as conduzirá finalmente a si mesmas. Foi exactamente assim que ele o fez, e só o conseguiu porque aceitou a possibilidade tal como ela lhe apareceu.
274.
Era uma vez um homem que permaneceu quieto no seu quarto até não se distinguir dos livros que o atravancavam. Também eles estavam fechados sobre si mesmos, esquecidos de ser. Agarrou então um livro ao acaso e levou-o consigo para fora. Sentou-se mais tarde num banco de jardim e leu como se fosse a primeira vez. Nunca mais regressou ao quarto e jamais abandonou o livro. [Foram felizes para sempre, é o que me apetecia dizer a terminar! E vocês?]