236.
Sentia a cabeça cheia de nada, mas decidiu escrever, como se a escrita lhe pudesse aclarar as ideias em falta. Escreveu pouco, muito pouco, descrevendo minuciosamente o que sentia, mas na verdade as suas palavras foram quase tão insignificantes como os seus pensamentos. [A moral desta história é: pouca coisa é mais que coisa nenhuma!]
235.
Sentia-se só, não aquele tipo de solidão em que lamentamos não estar acompanhados, mas sim aquele estado em que temos a certeza da nossa individualidade. Sentou-se e ficou imóvel, nada fazendo, pois ele bem sabia que só quando nos esquecemos de nós mesmos é que deixamos verdadeiramente de estar sós.
234.
Ela ensinou-lhe tudo o que sabia, com muito rigor e paciência, e os resultados pareceram-lhe óptimos. Mas saiu-lhe o tiro pela culatra! A partir daí ele continuou a nada fazer, e tornou-se ainda mais exigente nas lides domésticas. [Moral da história: talvez querer seja poder, mas poder não é querer.]