210. A primeira vez
Tinha alcançado uma perfeita consciência de si mesmo, e esse sentimento intenso e persistente era-lhe agradável, mas, ao mesmo tempo, incomodava-o, como se trouxesse vestida uma camisola de um tamanho inferior ao seu. Um dia apaixonou-se e experimentou de súbito o milagre da unidade: perdeu então a consciência de si mesmo e sentiu-se finalmente um só. Estranho caminho é este que nos leva de nós aos outros e dos outros a nós mesmos, pensou o homem, e foi nesse preciso momento que se sentiu completamente miserável* pela primeira vez. [* onde se lê
miserável sintam-se à vontade para ler
feliz]