Uma palavra (ao Francisco José Viegas)
Houve em tempos uma palavra, uma palavra muito perigosa. As palavras podem ser perigosas, todos o sabemos, mas aquela foi a mais perigosa de todas. Quando era pronunciada, e era-o com extraordinária frequência e facilidade, a dor e o horror aconteciam, sempre em grande escala, e o Mundo ficava pior, muito pior. Mas isso foi há muito tempo, há tanto tempo que só eu recordo que a palavra existiu e, felizmente, já nem eu a consigo pronunciar. [A moral desta história é tão esperançosa quanto ela. As palavras só nomeiam o que existe, o que não for nomeado não existe.]