162.
Há um tempo para calar e um tempo para falar. Quem diz falar, diz escrever. Umas vezes escreve-se demasiado e outras não se escreve o suficiente. Escreve mal não só quem escreve de mais mas também quem escreve de menos. [Neste ponto o homem deixou de escrever e ficou à escuta, mas o seu calar nada lhe disse. Continuou então.] Para escrever é preciso ouvir o mais íntimo do nosso ser, mas, quando escrevemos, logo esse mesmo ser se dissipa em miríades de palavras ocas. Escrever ou não escrever não é uma opção. É como respirar: um só movimento. [Parou finalmente e refugiou-se no silêncio.]