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O professor explicava com desenvoltura que a língua portuguesa está cheia de pequenas surpresas e perplexidades. [Se consultarmos um qualquer dicionário podemos descobrir, por exemplo, que a bufa e o peido são ambos ventosidades expelidas pelo ânus, com a diferença que o que um tem de cheiro, desagradável, tem o outro de estrépito, perturbador. Mas se peidar é o que a palavra sugere de imediato, já bufar é expelir ar com força pela boca ou pelo nariz, e não pelo ânus, como se poderia concluir apressadamente. No entanto, se o bufador é isso mesmo, aquele que dá bufas, já o que dá peidos, só se o fizer em grande quantidade terá uma designação, será um peidorreiro.] Os alunos ouviam com atenção e sorriam de interesse.