122.
Embriagou-se antes da meia-noite e perdeu o fogo de artifício. Acordou já o sol ia alto por detrás da cortina cinzenta, e apressou-se a tomar conhecimento da sua identidade. Tinha sempre dificuldades em saber quem era quando acordava; existiam várias pessoas dentro de si a reclamar a realidade, podia ser qualquer uma delas. Olhou à sua volta à procura de si mesmo, à espera de uma memória, de um reconhecimento, mas nada aconteceu. Observou-se ao espelho e não sentiu nada, era apenas uma imagem, uma imagem sem significado especial. Deitou-se de novo. Adormeceu. Sonhou que era ele mesmo outra vez.