116.
A meu lado, um homem de boné azul, a face esquerda encoberta pela mão, também esquerda, estava sentado como se estivesse num comboio, não sei bem porquê, ou talvez saiba, mas foi isso que senti, o seu desejo era partir, talvez apenas ir embora dali ou talvez regressar a um lugar de onde há muito tempo partira também. De repente, sem qualquer aviso, o homem começou a cortar as unhas da mão direita, placidamente, e estragou-me a fotografia que eu ainda não revelara por completo no banho da minha imaginação. Não me admira mesmo nada que esta história termine assim.