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Estava deitada na cama, serena, morta. Ataque cardíaco, disseram, não havia qualquer necessidade de a sujeitar a uma autópsia. Todos concordaram, mas um amigo muito querido afirmou solenemente estar convencido que ela tinha morrido de tristeza. Não estava a sugerir suicídio, esclareceu, mas apenas a dizer que ela simplesmente tinha saído da vida, lentamente, sem que ninguém tivesse dado por isso, e morrera. Às vezes acontece e não tão raramente como se possa pensar. Aconteceu a um primo meu a quem a mulher abandonou para ir viver com outra. O coitado não aguentou nem uma semana, morreu afogado de tristeza.