103.
Palavra a palavra a história foi tomando forma. Primeiro a introdução, depois o desenvolvimento, frase a frase, parágrafo a parágrafo, a história estendia-se preguiçosamente e parecia interminável. O escritor não se apressava, retirando o maior prazer do acto de escrever, mas sabia que estava cada vez mais perto do fim. Foi adiando o mais que lhe foi possível esse momento, mas o desejo de completar a história acabou por vencê-lo, e chegou finalmente à última página, à última palavra antes da palavra fim. Inconformado, substituiu-a, num protesto ingénuo, pela expressão “a continuar”, e completou para si mesmo “na próxima história”.